É difícil dizer ao certo quando as coisas começam, quando elas têm seu início. Um exemplo é carreira de cantores. Eles comemoram seus anos de carreira a partir de um show importante, de um lançamento de seu primeiro hit... Mas e o tempo de luta no anonimato? E a vontade de fazer aquele sonho dar certo? Não entra na conta?
Eu particularmente acho estranho definir um ponto aleatório no meio de uma trajetória que talvez seria, dentre muitos, o mais marcante. O ponto de partida.
No dia dez de outubro de dois mil e nove (assim escrevi em ata), fez-se a primeira reunião, que poderíamos dizer oficial, do Grupo Faça A Mudança, que na época se chamava Salve O Mundo, tal como o grupo paulista. Por mais que ache difícil determinar o início de tudo, arrogantemente escolho esse como sendo o nosso início.
Logo, estamos fazendo um ano de vida.
Quando uma criança faz um ano de idade, geralmente os pais fazem aquela mega festa de aniversário, com diversas atrações, guloseimas, brincadeiras, teatrinhos... Mesmo que a criança não curta nada disso, e depois não se lembre de sequer um segundo desse dia. É uma festa para os pais, na verdade. Para mostrar ao mundo que seu filho é saudável, é bonito, é feliz. Para mostrar que a família conseguiu seu grande objetivo.
Hoje, posso me arriscar a dizer que o Grupo FAM está mais parecido com a criança, do que com os próprios pais.
No momento em que estou escrevendo isso, as colegas do grupo estão chegando em suas casas, e nem se deram conta de que dia é hoje, e do que ele representa.
Logo que eu cheguei em casa, começaram a pipocar coisas na minha cabeça, que pedem para ser escritas. Isso acontece comigo frequentemente: às vezes, atendo aos pedidos das minhas ‘pipocas mentais’; às vezes, não. Dessa vez, decidi escrever, até porque me deu curiosidade de saber qual seria o dia exato da primeira reunião, para que eu pudesse publicar o texto nesse mesmo dia. Enorme foi minha surpresa ao ver que o dia era... hoje mesmo. Um dia de visita. Um dia de missão cumprida.
Portanto, escrevo esse texto não em nome do grupo, como sempre faço. Escrevo esse texto em meu próprio nome.
Hoje, só temos que agradecer à Deus.
Agradeço pelas dificuldades, pelas atribulações. Pelas confusões.
Agradeço pela falta de dinheiro, pela falta de tempo.
Agradeço pelos obstáculos, pelos problemas, pelas discussões. Pelos desentendimentos.
Tudo isso nos fará crescer. Não crescer no sentido de expandir horizontes, abarcar mais instituições, etc. Digo crescer internamente. E que nos faça ser pessoas melhores.
Agradeço também pelo que virá.
Agradeço pelas colaborações que virão, pelo amor que receberemos das crianças que ainda não conhecemos. Agradeço pela paz, pela união, pelo trabalho em grupo. Agradeço pelo arregaçar de mangas que fará a diferença fundamental para as instituições e para o grupo.
No entanto, agradeço, sobretudo, às pessoas.
Agradeço às instituições que abriram suas portas para que pudéssemos entrar com o máximo de nossa inexperiência... mas com uma vontade enorme de ajudar no que fosse possível. Não vamos esquecê-los, e nossa missão ainda não acabou.
Agradeço aos amigos queridos que ajudaram sempre que pedíamos sua colaboração. Sabemos que, por circunstâncias mil, vocês não podem estar diretamente envolvidos no projeto, mas a participação de vocês é algo crucial para que conservemos nossa fé e nosso valor.
Agradeço aos amigos que ajudaram a fundar esse grupo, aos amigos que por tantos motivos não puderam mais nos acompanhar, e aos amigos que estão só no começo dessa caminhada junto a nós. O tamanho do amor que sinto por vocês é diferente para cada um, mas amo todos vocês.
Agradeço também aos inimigos. Caso eles existam, sei lá!
Agradeço aos parceiros amigos que fomos ganhando ao longo desse curto período de existência. Vocês foram sempre uma mostra de que estávamos no caminho certo. Muito obrigada pelo carinho e apoio, vocês estão no nosso coração e na nossa história.
E agradeço, finalmente, a tudo que aconteceu antes do ponto de partida. O sonho, a idéia, a vontade de realizar algo. Na verdade, esse é o mais importante. Mais até do que o próprio dia 10 de outubro de 2009. Mas quanto a esse sonho, tenho certeza que ele não nasceu e se fortaleceu num dia só. Muitas coisas tiveram que acontecer para que essa semente pudesse então germinar. Dia 10 de outubro fica só como um símbolo de toda essa maravilhosa intenção convertida em ação.
Não citarei nomes, porque tenho medo de ser injusta e esquecer alguém. Como digo aos amigos, "quem é, sabe".
Ainda temos muito o que fazer, muito o que pensar, muito o que repensar. Talvez erremos, talvez acertemos... Mas o que temos que conservar dentro de nós é a vontade de, pelo menos, tentar fazer algo.
Quem sabe, tentar fazer a mudança.
Camilla Couto
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